26 de julho de 2011

Bartleby na Laura Alvim: Prefiro sim!

Por Julia Viegas


Bartleby, o escrituário foi escrito por Herman Melville (esse mesmo, o autor de Moby Dick) e lançado em 1853. De lá para cá, pouca coisa mudou no sistema burocrático. Quanto à existência, nem se fala. Diz-se muito. Para fazer parte do sistema, aceitar ordens por vezes até mesmo incompreenssíveis. Vender e comprar, pegue e pague. Organizar papéis, reescrever, copiar, verificar. 

Chefe e patrão se deparam com dois seres humanos, eles mesmos, em lados opostos e sentimentos bem parecidos. O patrão se depara com um empregado que o faz repensar toda a sua forma de ver o mundo, a vida e até a si mesmo.O texto é triste. Não vou dizer que não. Tem a máxima "A alegria esconde a probreza". Mas, a forma como é contado faz toda a diferença. Não é do fracasso que se fala, é do triunfo. A CIADRAMÁTICADECOMÉDIA torna engraçado e belo. E faz pensar, pois há que se passar conteúdo sempre. Questiona o sistema de trabalho, a necessidade de liberdade, a vontade e a potência estrondosa da não-ação, que já venceu guerras, já fez muita paz. No texto original, a recusa é ainda mais polida: "I would prefer not to". E "Assim, se resume a plena liberdade do personagem que se recusa a continuar participando do sistema de produção-alienante-grassroots", como escreveu o artista plástico Ricardo Matos e eu adaptei. 

Fica na Casa de Cultura Laura Alvim (RJ) só hoje (26/7) e amanhã (27/7), às 21h, R$20. Temporada curta, talvez pelas críticas negativas recebida da toda-poderosa Barbara Heliodora. Ou por qualquer outro motivo que eu desconheço, pois acredito que uma peça assim deveria ficar mais tempo em cartaz e também ser apresentada nos finais de semana. 
Atenção, para os que tem o cartão pré-pago do Metrô Rio: vale 50% de desconto. 

Para os que irão, vale a pena reparar na expressão corporal dos atores. Principalmente daquele que faz o papel do patrão. No início, um chefe, dono de si, corpo ereto, voz possante. Depois, no decorrer de sua relação com Bartleby, seu corpo vai se curvando, como se ele fosse carregando muito peso nas costas. O peso insuportável da gravidade do ser. Humano dentro do sistema-alienante-chão de fábrica.
 

Adeus à doce, tinto, branco, uva, londrina Amy

Por Pllural


Preferimos vê-la assim: linda. Ao invés de explorar imagens onde ela se perde torta sob efeitos de drogas. Que sua voz soe sempre como um brinde.

Amy Winehouse
1983 - 2011

19 de julho de 2011

Dica Pllural

Por Andreia Moore

Oi gente!! 
Nesta quinta-feira próxima, dia 21 de julho, a nossa querida Banda Tono, vai se apresentar no Espaço Cultural Sérgio Porto, aqui pertinho, no Humaitá. E com um convidado especialíssimo, Ney Matogrosso ("Nunca vi rastro de cobra nem couro de lobisomem, se correr o bicho pega se ficar o bicho come). Que medo!rsrs

Brincadeiras a parte o show promete! Como sempre citamos: batuque do bom!

Imagem tirada do site Oi FM


Espaço Cultural Sergio Porto
Endereço: R. Humaitá, 163 - Telefone: 2266-0896
Horário: A confirmar 
Preço: R$ 30 inteira, R$15 meia e lista amiga R$ 20

Saiba mais em: http://www.oimusica.com.br

13 de julho de 2011

I am a Clichê - ecos da estética punk

Do luxo ao lixo: porque eu sou clichê


Por Julia Viegas


Depois da Meia-Noite em Paris fui direto a vernissage da exposição “I am a Clichê: ecos da estética punk”, que está em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil RJ. Sabe aquela famosa foto do Sid Vicious comendo aquele cachorro-quente? Você verá. A Patti Smith bonita com seus cabelos soltos e usando suspensório. Verá. Suásticas que dão ânsia de vômito, dentro de sanduíches ainda menos apetitosos. Então. Isso tudo é proposital, pois eles queriam chocar. Verão.
Na sala do Andy Warhol é que tive uma agradável surpresa – é, fui a vernissage sem saber absolutamente nada da mostra, num improviso, pintou convite, fui. Não sou punk, nem neopunk, nem clichê. Então, ao invés de ir para casa dormir, fui ao Centro da cidade escura por falta de iluminação pública.  Com Andy e sua Factory vi meus amados do Velvet Underground. E meu ultra-amado Lou Red (aquele, o marido da Laurie Anderson). Mas, espera aí. Velvet Underground, punk? É...
Como um amigo de uns amigos que encontrei do lado de fora da exposição, já entrando num táxi, fugindo de todos e até (ou principalmente) de mim, falou: “Implantaram o Andy Warhol na exposição”.
Vale a pena pensar nos punks e em todos os movimentos que foram, voltaram, sumiram, estão surgindo. Enfim, todos os que estão por aí. E pensar sobre si mesmo. Funda a sua cuca com questionamentos sobre ti. Faça isso antes ou depois da exposição. Porque lá dentro não tem nada que te possa fazer pensar. A não ser: por que eles tinham essa mania horrorosa de usar suásticas se não eram nazistas?

Meia-noite em Paris: Woody "Wilson" flanando através dos tempos

Por Julia Viegas


 
Woody Allen está mais comercial do que nunca. Rumores de batucadas insinuam que ele filmará seu próximo sucesso garantido no Rio de Janeiro. O palco, a Sapucaí. Aí sim, será o ápice do cine-pipoca. Meia-noite foi só um flerte.

Uma vez, uma senhora muito perspicaz me falou, com a naturalidade própria dos inteligentes, que via todos – sim, to-dos – os seriados estadunidenses. “Quem foi que disse que temos que pensar o tempo inteiro. Por que se divertir é tão condenado?” Flanando sobre o filme, eu diria, que é exatamente tudo o que dizem dele: faz pensar em como seria viver em outras épocas. Que temos a mania de achar que nos anos anteriores ao nosso nascimento o mundo era melhor blá blá blá.

Os escritores que admiramos são, geralmente, de uma época passada, porque a distância temporal faz termos a visão da gestalt de uma obra e de um autor. A idade passada é sempre melhor do que a atual porque tem um quê romântico. Mais fácil desejar o que nunca se teve. Querer viver o que nunca viveu e nem nunca viverá. Há também aquela coisa mágica de que depois de 00h tudo pode acontecer. E Paris, claro, um luxo.

Em resumo, tem: o dono do Marley (Owen Wilson, que, aliás, está fabuloso), uma loirinha sexy à la Scarlett Johansson, o mistério da meia-noite, a fascinação dos artistas por outros artistas que já se foram e que, felizmente não estão mais na Terra para competir com eles e, a mais luminosa de todas as cidades. Superficial? Não. Na verdade, é um filme extremamente agradável. Agradabilíssimo.

12 de julho de 2011

Porque as melhores ideias surgem mesmo no banheiro

Por Andreia Moore

Imagem retirada do site myaquanotes


Com este bloco de notas à prova d'água, você não precisa mais deixar de registrar aquelas idéias que insistem em aparecer na sua mente bem na hora do banho. O bloco tem 40 folhas de papel reciclável resistente à àgua e vem com uma caneta de tinta à base de soja.

A.M.A.M.O.S!

Fonte: Computerarts brasil

8 de julho de 2011

Laurie em mim

Por Julia Viegas



Laurie Anderson é a esposa de Lou Red. Até aí, nada. Não é o fato de ele ser um super do rock que faz com que a artista multimídia Laurie Anderson seja menos. Ela brilha com luz própria. E isso é bem evidente na exposição que esteve no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB) até o dia 26.
São muitas luzes. Brancas, neon, negras. Sobretudo, artificiais. Porque assim é o mundo. Travesseiro que sussurra aos nossos ouvidos ao deitarmos, paredes que recitam poesia, uma grande mesa que "fala pelos cotovelos" - se colocarmos os cotovelos sobre ela e as mãos sobre os ouvidos, nos falam. Ao entrar em uma sala, vemos Laurie bem pequena, é a sua figura em 3D, sentada em uma cadeira de balanço. Ela nos conta sobre seus últimos dias com uma psiquiatra e essa história é alucinante. Desenhos dentro de telas luminosas, passando como pequenos outdoors, pinturas em parede, histórias de sua vida, frases aparentemente sem sentido e muitos, muitos violinos, que ela adora.
"Anderson nos leva a mundos completamente novos, visões, sons e lógica diferentes. A plateia entra, então, em uma paisagem nova e pós-moderna, onde os seres humanos implodem com a tecnologia, instrumentos conhecidos emitem sons estranhos, com mediação eletrônica e nada é exatamente o que parece",  escreveu Douglas Kellner, em seu livro "A Cultura da Mídia". Outro ponto muito interessante abordado por Laurie é a questão da transitoriedade, o que a solidifica ainda mais como uma artista do seu tempo, do nosso tempo. "Transitoriedade, o estado de movimento permanente, destinado a nunca chegar, sempre em deslocamento. Transitoriedade de espaço, de tempo, de suporte, de origem, de destino. Laurie Anderson é a grande artista da transitoriedade do nosso tempo", escreveu Marcello Dantas, o curador da exposição. O nome da exposição é muito sugestivo “I in U”. Senti-me assim: deixei-me mergulhar em seu universo e tive a experiência sensorial de Laurie em mim.
Essa
mulher/ essas mulheres de quem Kellner, Dantas e uma certa Julia Viegas falam é Laurie Anderson. E Lou Red? Ah, Lou Red é apenas o marido dela.
Exposição: "I in U/ Eu em Tu - Laurie Anderson", até este domingo, das 9h às 21h, no CCBB-RJ. Grátis.

6 de julho de 2011

"Pipizando" em Barcelona

Por Andreia Moore


Flyer da campanha "Pixing"
Pixing foi uma campanha lançada nas ruas de Barcelona (Espanha) durante as festas de La Mercè 2008. Naquele ano, sua repercussão foi massiva nacional e internacionalmente. No ano seguinte,o Pixing 2009 reforçou a mensagem: "Por que não temos o direito de fazer nossas necessidades fisiológicas em um espaço limpo, ao invés de tentarmos fazê-las nos imundos, escassos e distantes banheiros públicos da cidade?" 
"A quantidade ínfima de banheiros públicos oferecida pela prefeitura de Barcelona e seu terrível estado sanitário fazem com que seja praticamente impossível sua utilização sã e limpa por parte das mulheres. Além disso, há o risco de contágio de todo o tipo de doenças e infecções", reclamam os que fazem parte do movimento.Os espanhóis revindicam: "Estamos em uma cidade cosmopolita, com um fluxo de turistas altíssimo a cada ano e o único que encontramos são cartazes que dizem: 'WC para uso exclusivo dos clientes'. Por isso, as ruas acabam sendo utilizadas como banheiros públicos. E isso é uma vergonha tanto para os cidadãos quanto para os turistas da cidade". Então, o movimento Pixing luta pelo direito de "Banheiros Públicos Decentes em Barcelona!"
Pixing
Em espanhol, fazer um "pis" significa fazer "xixi" ou "pipi". Então, seria uma mistura de espanhol com inglês, porque o "ing" na língua inglesa significa, grosso modo, algo que se está fazendo no momento. Em uma linguagem cosmopolita, seria algo como "Pipizando 2009". Ou, o nosso "mijando". 


Aqui no Brasil não é diferente! A Prefeitura nunca investiu em banheiros públicos , o que é direito de qualquer cidadão. Prendem os "mijões" no carnaval, mas a quantidade de banheiros químicos é sempre insuficiente. Mas, cá entre nós, tem muita gente que realmente extrapola o bom senso e mira o pipi para qualquer lugar na rua. Acreditamos que isso é um "trabalho de equipe", do cidadão e do governo. O banheiro público é um direito e ponto, mas a ética também, então pipizentos de plantão, enquanto os banheiros não aparecem, na hora do "aperto", procurem um restaurante ou qualquer outro local e evitem deixar os muros amarelos e as calçadas fedorentas! A cidade agradeçe!

Fonte: http://www.pixingbcn.blogspot.com/  
Tradução:Julia Viegas

2 de julho de 2011

FLIP 2011

Por Andreia Moore


A grande Festa Literária Internacional de Paraty, (FLIP), está chegando! Em sua 9ª edição, para o deleite dos amantes da literatura e das belas paisagens de Paraty.

O corpo de autores confirmados para a Flip 2011 ganha peso a cada dia. Ao todo, já são dez nomes internacionais, ao lado de um dos maiores escritores brasileiros, João Ubaldo Ribeiro.
Um dos autores internacionais em destaque é James Ellroy, referência mundial da literatura policial contemporânea, autor de "Dália Negra".

Além de James, muitos outros autores internacionais e nacionais, destacando o maravilhoso João Ubaldo Ribeiro, um dos maiores romancistas contemporâneos do Brasil.

A FLIP abre suas portas a partir do dia 6 de julho e termina no domingo, dia 10.

Site da FLIP: http://www.flip.org.br/