Emocionante! Que história linda de vida e que vida intensa desse maravilhoso ser humano chamado Raul Seixas. Um artista de extrema sensibilidade, inteligentíssimo. Controlando sua maluquez misturada com sua lucidez, escreveu canções com a alma. Um filme porrada, nos emociona, nos faz rir, nos faz sentir saudades, nos faz admirá-lo ainda mais, nos faz querer voltar no tempo.
"Tente outra vez", não conseguirão, outro Raul, jamais existirá.A mosca na sopa que vingou pra nos ajudar, ajudar a entender o início, o fim e o meio.
Para quem ainda não assistiu, o filme ainda está em cartaz no Estação Sesc Rio, em Botafogo às 21h15.
Saí do cinema com a impressão de que Cronenberg ficou com medo de explorar a relação entre Freud e Jung. Que ele preferiu fazer a moçada rir com as cenas de sadô. Diversão garantida. Também me pareceu que Keira Knightley nunca foi a um hospício. E, mesmo antes de ver o filme, achei esse título péssimo. Gostei? Sim. Vai entender meu gosto? Vale tudo: paisagens, música, atores, piadas, tudo. Só não vale discutir a relação...
"Mamãe, por que eu me chamo Julia?" – perguntei ainda muito nova, criança mesmo, quase uma bebê. "Por causa de uma música, Juju. Uma música linda, que um grande cantor fez para a mãe dele. Quer ouvir?". Ouvi a voz doce de minha mãe, Simone, responder. "Quer!". Ouvi a suave música preencher a minha casa. Foi um bálsamo.
Meu nome é Julia por causa da música que Lennon fez para mãe dele. Poética, singela, letra e melodia embalam. Quase uma canção de ninar, com imagens oníricas, uma declaração de amor. Desde pequena convivo com os Beatles e, especialmente, Jonh Lennon, pois minha mãe sempre ouviu e se (me) emocionou. Então, Julia Lennon é uma personagem presente no meu imaginário. Quem seria aquela mulher que gerou um dos maiores da música? Para, por fim, terminar tragicamente morta, em seus braços, ainda jovem, aos 44 anos. O feminino está muito presente no trabalho dos Beatles. Martha, Rita, Dear Prudence, Woman is the Nigger of World, Mother, Yoko Ono, todas as mulheres de Lennon. Delas a mais importante: Julia. Assim, justifico o título deste, como se Julia fosse um lugar. O lugar do John Lennon. O garoto de Liverpool, o garoto da Inglaterra, do mundo, da Julia. Seja como for, um menino pertence à sua mãe. Mesmo que ela não esteja lá. Imagino o quanto Lennon e Julia sofreram ao ficarem separados e quão bonito foi o reencontro. Ela foi a grande incentivadora de sua dedicação pela música e apresentou a ele muitas canções que o influenciaram profundamente, decisivamente. Nowhere Boy é o início de tudo. Quando ele não pertencia. E, se encontrando inicia o ciclo que, quis o acaso, se fechasse tão cedo, até mais que o de sua querida mãe. Mas, a amplitude do seu legado é tão vasta, que ficou para sempre e abarca todos os temas importantes do ser um humano.